Há dez dias,
e não mais,
As regras mudaram.
Todas as cartas me foram dadas
Tenho todas as combinações
de uma partida, quisera, então,
vencida
Tenho nas mãos
Tua mão e a minha:
uma seqüência de copas
de As a As
[e todas são tuas]
Tua sorte, agora, é minha:
Uma bela canastra limpa
Um Royal Straight Flush
Todas as caras e bocas
Do bom jogador
e o lucro.
Te tenho na mão
Teu coração
E o fim do jogo.
Há quem diga que é o fim
Não eu.
Quero mais!
Quero homem que perdeu o jogo
-acabou com ele-
e ganhou o prêmio!
Tenho o homem
que trocou suas copas
Por um coração partido
Quero mais!
Quero o perdedor.
O homem
Que se deixou vencer por algo mais
Tenho o homem da atitude dúbia
Dos pensamentos lidos turvos
Indecifrável a alguns
Transparente ao meu redor
Quero mais!
Quero o homem tido forte
Com porte
E ambição
Frágil com a paixão
Tenho o homem com a maldade,
a prepotência de um ego adulterado
Engrandecido por um meio [que é]
medíocre
Temente ao meu agir
Quero mais!
Quero o homem que me cuida
Como a menina que sou,
Quando menina sou
Tenho o homem que é impetuoso
Que me arranha a face
Que me morde o corpo
Que machuca ao dar prazer
Sabendo que mulher, também, eu sou
E quero mais
Vou querer sempre mais
Te quero nas mãos
Aos meus pés
No pé do ouvido
E dentro de mim.
Tenho tudo o que quero
Quero tudo o que tenho
Te quero, meu homem
Te tenho, meu bem
Tu é o homem
O homem
Que fez meu ego,
no jogo
Viciado
se calar
Ao ter me entregue as cartas
e a tática
Antes de sequer tentar
jogar
Eu sou a mulher
A mulher
Que te fez parar de usar
Humanos como peças
descartáveis
de um jogo infinito de
Questionável
prazer e poder
Tu é o meu homem
O homem pra mim
Sou a tua mulher
A mulher pra ti
Hoje
Te tenho e te quero mais.
Sou tua e quero mais.
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