quarta-feira, 18 de agosto de 2010

14/08

Amanhã, mesmo que sóbria
Não vou apagar meu comentário alcoólico.
Estou bebendo desde as 18 hrs.
Não sei que horas são
mas sei que já passam das 6.

Cerveja!
"Cerveja não dá nada"
já dizia meu tio, que um dia teve 21 anos
como eu,
e que bebeu cachaça até ontem
Mais de trinta anos depois...

Hoje internado em um hospital qualquer,
como um bêbado qualquer,
de um bairro qualquer
da cidade onde vivemos.

Dizem que é cirrose.
Dizem: uma médica qualquer.
Uma médica: que um dia quis ser médica tanto quanto eu quero ser,
Pelo mesmo motivo que hoje quero ser,
Que não sabe da metade da história que vivemos
Nem até onde chegamos.
E que já se esqueceu daquela que um dia quis ser.

O doente:
Aquele que tem brincado com a morte;
O homem que chegou perto dela
muitas vezes até.
O que esqueceu da família que o ama,
Não percebeu que muitos sofreriam com sua ausência..
Não pensou que era amado
por às vezes nem um sorriso ter a oferecer.
Não lembrou do sangue que corre em suas veias,
nem de toda a ligação que se passa por trás daquilo que se chama Família.

Meu tio: o irmão da minha mãe.
A única família que eu tive
Corrompida!
Tanto de um lado quanto do outro
Agora.
Nada aconteceu como nossos ancestrais quiseram que fosse.

Ele deita naquela cama de hospital
Quase que sem assistência
Ao lado de tantos outros que merecem viver
Que, para mim, não merecem a vida tanto quanto ele
Porque ele é meu,
Parte de mim.
Parte de tudo aquilo que hoje já não existe mais...

Por mais que os outros mereçam a vida
tanto, ou mais que meu tio,
Meu tio é parte do que eu ainda insisto em querer viver.
Reviver...
Que viva,
Mesmo que sem mim.
Mas que não morra,

Independente de mim.

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